segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Francisco acelera destruição da Igreja (Ministérios femininos)

 ABERTO CAMINHO PARA A DISTRUIÇÃO DO SACERDÓCIO CATÓLICO 


Ficamos calados por mais de seis meses, mas agora chegou a hora de falar novamente, o silêncio dos últimos tempos que era para proteger o desgaste do ministério petrino não tem mais sentido, pois a própria Sé está destruindo aquilo que deveria defender. 

Neste dia 11 de Janeiro de 2021 com o Moto Proprio "Spiritus Domini" o Papa Francisco abre para as mulheres o acesso aos ministérios de Leitor e Acólito, que derivam diretamente das antigas ordens menores, algo que desde a era pós-apostólica estava reservada apenas para homens. Isto não tem nada a ver com o serviço laical das mulheres que já havia sido aberto pelo Papa Paulo VI, desta vez Francisco rompe de fato com a Tradição para atender ao pedido do sínodo da Amazônia, talvez esta mudança deveria ter sido feita a 1 ano atrás, mas teve que ser retardada devido ao bombástico livro de Bento XVI com o Cardeal Sarah "Do profundo dos nossos corações", agora em 2021 com os ânimos mais calmos e Bento XVI sem quase conseguir se comunicar é que Francisco se aproveita e dá a punhalada nas costas da Igreja. Com certeza o episcopado alemão que já defende abertamente o sacerdócio feminino recebe com festa esta decisão papal, assim como todos os apóstatas e hereges espalhados pelo mundo. 

Este ato jurídico de hoje é apenas mais um passo para abrir o sacerdócio feminino na Igreja Católica, ainda que Francisco cite no documento o Papa João Paulo II ninguém acredita mais nele, é apenas um anestésico para evitar as críticas, pois todo mundo sabe que o próximo passo será a ordenação de diaconisas (Que inclusive já têm uma comissão para este fim aberta na cúria romana a pedido do próprio Papa) e por fim a ordenação presbiteral feminina. Estamos caminhando a passos largos rumo ao anglicanismo enquanto a verdadeira Igreja será apenas um pequeno grupo, que será chamado de radical e de fundamentalista, mas serão eles a verdadeira Igreja de Cristo. 

Tá na hora dos filhos da Luz se separarem dos filhos das trevas, chega! Acabou o tempo! 

Talvez seja a hora do Cardeal Sarah e tantos outros entregarem seus cargos na cúria e se dedicarem unicamente a propagação da verdadeira Fé, não tem sentido continuarem calados apenas para manter uma falsa aparência de unidade que não existe mais. A comunhão entre os membros da Igreja de agora, e entre a de agora e a de sempre, já foi rompida, e todos sabem quem é o culpado. 

Só Deus para salvar-nos. Resistam! 

"Entretanto, aquele que perseverar até o fim será salvo" (Mt 24, 13)

domingo, 7 de junho de 2020

Carta aberta às TVs Católicas (e demais redes)



"Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?" (Lucas 18,8)

É chegada a hora dos filhos da luz se manifestarem a favor do direito de Deus na sociedade, a luta entre as forças do bem e as das trevas chega mais perto do climax a cada dia, vemos pelo mundo inteiro o exército de satanás marchando vestidos de roupas pretas, recrutando cada vez mais jovens para lutarem contra a sagrada religião e tudo aquilo que ela conseguiu construir no ocidente. 

O Brasil não iria ficar de fora desta batalha e por toda pátria vemos idiotas úteis atacando a ordem social em nome do combate ao "fascismo", o último obstaculo para eles instaurarem o reino de satanás na nação é a Fé do Povo Católico desta terra, Fé essa que recebemos de nossos pais por meio da Santa Igreja. A batalha é "espirutual" sem os sacramentos não é possivél vencer pois os inimigos de Deus tem o apoio de toda mídia, de toda fábrica de idiotas nas universidades e da classe artística televisiva. 

Nesta luta todos sabemos que a CNBB não está do nosso lado, mas sim daqueles que querem destruir a religião cristã, tudo provado por toda união histórica nas últimas décadas com as autoridades comunistas, isso ficou mais uma vez evidente no dia 05 deste mês, quando a CNBB recebeu o prêmio "Vozes da resistência" que é um agrado da extrema-esquerda brasileira para as instituições que mais ajudaram na luta pelo comunismo e destruição da moral cristã; o prêmio é concedido pela liderança da minoria na câmara dos deputados que tem a frente o deputado José Guimarães do PT, o mesmo que ficou conhecido pela repercussão do escândalo do dinheiro na cueca. A CNBB exibe no site oficial este prêmio como se fosse motivo de orgulho, quando na verdade é motivo de vergonha para os católicos que ainda preservam a Fé dos Apóstolos. 

Apelamos para aqueles que detém o poder dentro das TVs católicas para que fiquem do lado do exército do bem, daqueles que querem salvar a nossa civilização enquanto ainda é tempo, a atitude covarde da CNBB de atacar vocês pelas costas reforçando mentiras da imprensa só mostra que o orgão eclesial não quer o vosso bem, mas apenas usar a audiência para palanque ideológico, não acreditem na falácia de que vocês devem a eles obediência, isso é uma mentira, nenhum fiel é obrigado a obedecer a CNBB, pois ela é apenas um orgão consultivo que tenta usar da farsa que fala em nome da Igreja, quando na verdade a Igreja é uma realidade que eles não detém autoridade alguma. Nas TVs católicas milhares de pessoas rezam todos os dias o Santo Terço, se alimentam pela palavra e curam as feridas da alma, se esse projeto fracajado de igreja populista prosperar vocês não terão católicos nem pra verem suas programações religiosas, as senhoras de idade não irão viver pra sempre e esses jovens que seguem a CNBB não tem fé alguma, nem mesmo nos sacramentos, é pura militancia política. 

Enfrentar a subversão da Fé é dever moral, ou vocês reagem ou em breve irão tá fazendo propaganda da falsa igreja católica, uma igreja gayzista, anti-cristã e sem Fé nos sacramentos deixados por Nosso Senhor. Apenas uma cultura é capaz de vencer o racismo e os conflitos humanos, e essa cultura é a cristã, aquela que torna todos filhos do mesmo Deus. 



sábado, 6 de junho de 2020

Nota vergonhosa da CNBB sobre as TVs Católicas



Circulou ao longo do dia de hoje uma fake news na grande mídia acusando as TVs Católicas de oferecerem apoio ao Governo Federal em troca de verbas, em vez da CNBB defender as TVs Católicas que exercem trabalho primordial no serviço de evangelização no país, ela emite uma nota por meio da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação criticando as TVs por fazerem reunião com o presidente da república Jair Bolsonaro "Não aprovamos iniciativas como essa, que dificultam a unidade necessária à Igreja, no cumprimento de sua missão evangelizadora(...)". A CNBB omite que todas as TVs de canal aberto são concessões da união, e as questões burocráticas devem sim ser tratadas com o presidente da república a quem cabe resolver estas questões. 

Ao se negar prestar apoio as TVs Católicas neste momento de ataque da mídia raivosa, a CNBB fortalece ainda mais o ódio a religião empregada na imprensa que ataca a fé dos brasileiros. A atuação política da CNBB nesse momento pode causar prejuizos para as emissoras, emissoras estas que se sustentam por meio de doações. São essas TVs que alimentam a fé do povo com o santo terço diário, pregações, orações, aconselhamento para casais, arrecadação para obras sociais e tantos outros benefícios. E a CNBB o que está fazendo para salvar a fé católica na nação brasileira?

As emissoras de TVs Católicas vão se curvar a esta humilhação?

CONFIRA A NOTA NA ÍNTEGRA: 

NOTA DE ESCLARECIMENTO 
Sobre a reportagem “Por verbas, TVs católicas oferecem a Bolsonaro apoio ao governo”, com a manchete na primeira página “Ala da Igreja Católica oferece a Bolsonaro apoio em troca de verba”, do jornal O ESTADO DE SÃO PAULO em 06.06.20, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, juntamente com a SIGNIS Brasil e a Rede Católica de Rádio (RCR), associações que reúnem as TVs de inspiração católica e as rádios católicas no Brasil, esclarecem que não organizaram e não tiveram qualquer envolvimento com a reunião entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, representantes de algumas emissoras de TV de inspiração católica e alguns parlamentares, e nem ao menos foram informadas sobre tal encontro. 

Informamos que as emissoras intituladas “de inspiração católica” possuem naturezas diferentes. Algumas são geridas por associações e organizações religiosas, outra por grupo empresarial particular, enquanto outras estão juridicamente vinculadas a dioceses no Brasil. Elas seguem seus próprios estatutos e princípios editoriais. Contudo, nenhuma delas e nenhum de seus membros representa a Igreja Católica, nem fala em seu nome e nem da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que tem feito todo o esforço, para que todas as emissoras assumam claramente as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. 

Recebemos com estranheza e indignação a notícia sobre a oferta de apoio ao governo por parte de emissoras de TV em troca de verbas e solução de problemas afeitos à comunicação. A Igreja Católica não faz barganhas. Ela estabelece relações institucionais com agentes públicos e os poderes constituídos pautada pelos valores do Evangelho e nos valores democráticos, republicanos, éticos e morais. 

Não aprovamos iniciativas como essa, que dificultam a unidade necessária à Igreja, no cumprimento de sua missão evangelizadora, “que é tornar o Reino de Deus presente no mundo” (Papa Francisco, EG, 176), considerando todas as dimensões da vida humana e da Casa Comum. É urgente, sim, nestes tempos difíceis em que vivemos, agravados seriamente pela pandemia do novo coronavírus, que já retirou a vida de dezenas de milhares de pessoas e ainda tirará muito mais, que trabalhemos verdadeiramente em comunhão, sempre abertos ao diálogo.

Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação CNBB 
RCR - Rede Católica de Rádio 
SIGNIS Brasil

sábado, 4 de abril de 2020

Católicos podem particiar do Jejum Nacional no Domingo?



Da noite para o dia surgiram nas redes sociais e entre as autoridades eclesiásticas um retorno quase que meteórico ao código de direito canônico, de uma forma nunca antes vista na história recente da Igreja no Brasil. O fato se justifica em razão da convocação do dia nacional de oração e jejum pelo senhor Presidente da República, que por influência de aliados protestantes pede a Deus uma intervenção divina na grave situação que abate a saúde e a economia do Brasil. 

Mas fica a questão, e os católicos? De fato, o domingo completa o ciclo da páscoa semanal e não deve ser um dia dedicado a penitência, a Igreja tradicionalmente reserva para o sacrifício os dias da quartas e sextas-feiras, e de preceito principalmente a sexta-feira santa e quarta de cinzas, porém nada impede que os fiéis façam penitência nos outros dias da semana, ou será que alguém já deixou de cumprir uma penitência quaresmal por se tratar de um dia de domingo? Alguém já deixou de receber o sacramento da confissão por ser dia de domingo? Claro que não. A penitência no dia do senhor deve ter o caráter da alegria esperançosa, mas não há nenhum impedimento para tal. 

O estado não tem autoridade nenhuma sobre a Igreja para impor um dia de penitência, porém não se trata de imposição e sim de uma convocação, ficando a cada fiel livre para acatar ou não. Se tratando de que estamos vivendo um tempo extraordinário de muito sofrimento para os povos de diversas nações, qualquer oração e jejum é bem vindo, e nos estranha que a Igreja da compaixão e misericórdia se apegue ao legalismo em vez de agradecer o esforço de recorrer a Deus neste momento triste da história. 

A que ponto chega o ódio pessoal ao Presidente da República, a Igreja em saída e desapegada das estruturas e leis eclesiásticas parece que caiu por terra. Não eram eles que pregavam o ecumenismo? Não eram eles que acusavam de fariseus quem pedia o mínimo de respeito ao código de direito canônico? O tempo tratou de revelar quem são os verdadeiros fariseus. 

Aos que vão jejuar neste Domingo e também na Sexta-feira Santa, que Deus escute o seu clamor e olhe para  nossa nação!

A lei suprema da Igreja é a salvação das almas.

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Bomba: Viganò expõe imoralidades acobertadas por Francisco

Publicado originalmente em português por FratresInUnum.com
Novo testemunho de Viganò: o Vaticano encobriu alegações de abuso sexual de coroinhas do papa
Por LifeSiteNews, 3 de julho de 2019 | Tradução: FratresInUnum.com –  Nota do Editor de LifeSiteNews: A entrevista do arcebispo Carlo Maria Viganò ao Washington Post, publicada em 10 de junho, continha uma resposta que o Washington Post decidiu expurgar da entrevista. Esta resposta continha informações importantes sobre as denúncias não tratadas de abuso sexual contra um alto funcionário da Santa Sé, bem como o acobertamento de um ex-seminarista, agora padre, acusado de abuso sexual contra adolescentes pré-seminaristas que serviam como coroinhas do Papa. O texto completo com as respostas inéditas que Viganò deu ao Washington Post, e que foi suprimido, segue abaixo. O texto foi ligeiramente modificado para incluir expressões normalmente usadas em inglês. O nome de um indivíduo foi removido pelo LifeSite porque não foi possível encontrar suporte suficiente para a acusação feita contra ele neste momento.
O senhor vê algum sinal de que o Vaticano, sob o pontificado do Papa Francisco, está tomando as medidas adequadas para enfrentar as graves questões de abuso? Se não, o que está faltando?
Os sinais que vejo são verdadeiramente sinistros.  O papa não apenas não está fazendo quase nada para punir aqueles que cometeram abusos, mas também não está fazendo absolutamente nada para expor e levar à justiça aqueles que por durante décadas, facilitaram e acobertaram os abusadores. Só pra citar um exemplo, o Cardeal Wuerl, que acobertou os abusos de McCarrick e de outros por décadas seguidas e cujas repetidas e flagrantes mentiras foram manifestadas a todos que têm prestado atenção (para aqueles que não têm prestado atenção, ver http://washingtonpost.com / opiniões / cardeal-wuerl-sabia-sobre-theodore-mccarrick-e-ele-lied-sobre-it), teve que renunciar em desgraça devido à infâmia popular. No entanto, ao aceitar sua renúncia, o Papa Francisco o elogiou por sua “nobreza”. Que credibilidade o papa ainda tem depois desse tipo de declaração?
Mas tal comportamento não é de modo algum o pior. Voltando ao Encontro [ocorrido no Vaticano] e seu foco no abuso de menores, quero agora chamar a sua atenção para dois casos recentes e verdadeiramente aterrorizantes envolvendo alegações de abusos contra menores durante o mandato do papa Francisco. O papa e muitos prelados da cúria estão bem cientes dessas alegações, mas em nenhum dos casos foi permitida uma investigação aberta e minuciosa. Um observador objetivo não pode deixar de suspeitar que atos horríveis estão sendo encobertos.
1. O primeiro alega-se ter ocorrido dentro dos próprios muros do Vaticano, no Pré-Seminário Pio X, que fica a poucos passos da Domus Sanctae Marthae, onde o papa Francisco vive. Esse seminário forma os menores que servem como coroinhas na Basílica de São Pedro e em cerimônias papais.
Um dos seminaristas, Kamil Jarzembowski, colega de quarto de uma das vítimas, afirma ter testemunhado dezenas de incidentes de agressão sexual. Juntamente com outros dois seminaristas, ele denunciou o agressor, primeiramente e pessoalmente aos seus superiores no Pré-Seminário, depois por escrito aos cardeais e finalmente em 2014, novamente por escrito ao próprio papa Francisco. Uma das vítimas era um adolescente, supostamente abusado por cinco anos consecutivos, desde seus 13 anos de idade. O suposto agressor era um seminarista de 21 anos chamado Gabriele Martinelli.
Esse Pré-Seminário está sob a responsabilidade da diocese de Como e é dirigido pela Associação Don Folci. Uma investigação preliminar foi confiada ao vigário judicial de Como, Dom Andrea Stabellini, que encontrou evidências que justificaram investigações posteriores. Eu recebi as informações em primeira mão indicando que seus superiores proibiram que ele continuasse a investigação. Ele pode testemunhar por si mesmo e peço-lhe que vá entrevistá-lo. Eu rezo para que ele encontre a coragem para compartilhar com você o que ele tão corajosamente compartilhou comigo.
Juntamente com o anterior, fiquei sabendo como as autoridades da Santa Sé lidaram com este caso. Após a coleta de evidências feita por Dom Stabellini, o caso foi imediatamente encoberto pelo então bispo de Como, Diego Coletti, juntamente com o cardeal Angelo Comastri, vigário geral do papa Francisco para a Cidade do Vaticano. Além disso, o cardeal Coccopalmerio, então presidente do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, quando foi consultado por Dom Stabellini, exortou-o fortemente a parar com a investigação.
Você pode se perguntar como esse caso horrível foi encerrado. O bispo de Como afastou Dom Stabellini do cargo de vigário judicial; o denunciante, ou seja, o seminarista Kamil Jarzembowski, foi expulso do seminário; seus dois companheiros seminaristas que se juntaram a ele na denúncia deixaram o seminário; e o suposto agressor, Gabriele Martinelli, foi ordenado sacerdote em julho de 2017. Tudo isso aconteceu dentro dos muros do Vaticano e nenhuma palavra sobre o caso saiu durante o Encontro sobre abuso sexual.
O Encontro foi, portanto, terrivelmente decepcionante, pois é hipocrisia condenar os abusos contra menores e alegar simpatizar com as vítimas, recusando-se a encarar os fatos honestamente. Uma revitalização espiritual do clero é mais que urgente, mas acabará sendo ineficaz se não houver disposição para abordar o problema real.
2. O segundo caso envolve o arcebispo Edgar Peña Parra, a quem o papa Francisco escolheu para ser o novo substituto na Secretaria de Estado, fazendo dele a terceira pessoa mais poderosa da cúria. Ao fazê-lo, o papa essencialmente ignorou um terrível dossiê enviado a ele por um grupo de fiéis de Maracaibo, intitulado “Quién es verdaderamente Monseñor Edgar Robinson Peña Parra, Nuevo Sustituto de la Secretaria de Estado do Vaticano?” (“Quem realmente é Monsenhor Edgar Robinson Peña Parra, o novo Substituto da Secretaria de Estado do Vaticano ”- LifeSite) O dossiê é assinado pelo Dr. Enrique W. Lagunillas Machado, em nome do “Grupo de Laicos de la Arquidiócesis de Maracaibo por una Iglesia e um Clero según o Corazón de Cristo” (“Grupo de Leigos da Arquidiocese de Maracaibo para uma Igreja e um Clero de acordo com o Coração de Cristo ”- LifeSite). Esses fiéis acusaram Peña Parra de terrível imoralidade, descrevendo em detalhes seus supostos crimes. Isso pode até ser um escândalo que supera o caso McCarrick, e não se deve permitir que ele seja coberto pelo silêncio.
Alguns fatos já foram publicados nos meios de comunicação, nomeadamente no semanário italiano L’Espresso (ver espresso.repubblica.it/inchieste/2018/10/18/news/buio-in-vaticano-ecco-l-ultimo-scandalo- 1,327923). Agora vou acrescentar fatos conhecidos pela Secretaria de Estado no Vaticano desde 2002, que fiquei sabendo quando servi como Delegado para Representações Pontifícias.
  • Em janeiro de 2000, o jornalista Gastón Guisandes López, de Maracaibo, fez sérias acusações contra alguns padres da diocese de Maracaibo, incluindo Mons. Peña Parra, envolvendo abuso sexual de menores e outras atividades possivelmente criminosas.
  • Em 2001, Gastón Guisandes López pediu duas vezes para ser recebido pelo arcebispo André Dupuy, núncio apostólico (o embaixador do Papa) na Venezuela, para discutir esses assuntos, mas o arcebispo inexplicavelmente se recusou a recebê-lo. No entanto, ele relatou à Secretaria de Estado que o jornalista havia acusado Mons. Peña Parra de dois crimes muito graves, descrevendo as circunstâncias.
Primeiro, Edgar Peña Parra foi acusado de ter seduzido, em 24 de setembro de 1990, dois seminaristas menores da paróquia de San Pablo, e que deveriam entrar no Seminário Maior de Maracaibo no mesmo ano. O evento teria ocorrido na igreja de Nossa Senhora do Rosário, onde o reverendo José Severeyn era pároco. Rev. Severeyn foi posteriormente removido da paróquia pelo então arcebispo Mons. Roa Pérez. O caso foi denunciado à polícia pelos pais dos dois jovens e foi tratado pelo então reitor do seminário maior, Rev. Enrique Pérez, e pelo então diretor espiritual, Rev. Emilio Melchor. O Rev. Pérez, quando questionado pela Secretaria de Estado, confirmou por escrito o episódio de 24 de setembro de 1990. Vi esses documentos com meus próprios olhos.
Em segundo lugar, Edgar Peña Parra estaria envolvido, juntamente com [Nome removido], na morte de duas pessoas, um médico e um certo Jairo Pérez, que ocorreu em agosto de 1992, na ilha de San Carlos, no Lago Maracaibo. Eles foram mortos por uma descarga elétrica, e não está claro se as mortes foram acidentais ou não. Essa mesma acusação também está contida no referido dossiê enviado por um grupo de leigos de Maracaibo, com o detalhe adicional de que os dois cadáveres foram encontrados nus, com indícios de encontros lascivos e homossexuais macabros. Essas acusações são, para dizer no mínimo, extremamente graves. No entanto, Peña Parra não só não foi obrigado a encará-los, mas também foi autorizado a continuar no serviço diplomático da Santa Sé.
  • Essas duas acusações foram denunciadas à Secretaria de Estado em 2002 pelo então núncio apostólico na Venezuela, o arcebispo André Dupuy. A documentação pertinente, se não tiver sido destruída, pode ser encontrada tanto nos arquivos do pessoal diplomático da Secretaria de Estado onde ocupei o cargo de Delegado para as Representações Pontifícias, como também nos arquivos da nunciatura apostólica na Venezuela, onde os seguintes arcebispos serviram como núncios, desde Giacinto Berloco, de 2005 a 2009; Pietro Parolin, de 2009 a 2013; e Aldo Giordano, de 2013 até o presente. Todos tiveram acesso aos documentos que levantam estas acusações contra o futuro Substituto, assim como os cardeais Secretários de Estado Sodano, Bertone e Parolin e os Substitutos Sandri, Filoni e Becciu.
  • Particularmente notório é o comportamento do Cardeal Parolin que, como Secretário de Estado, não se opôs à recente nomeação de Peña Parra como Substituto, tornando-o seu colaborador mais próximo. E tem mais: anos antes, em janeiro de 2011, como núncio apostólico em Caracas, Parolin não se opôs à nomeação de Peña Parra como arcebispo e núncio apostólico no Paquistão. Antes de tais nomeações importantes, um rigoroso processo informativo é feito para verificar a idoneidade do candidato, de modo que essas acusações certamente foram trazidas à atenção do Cardeal Parolin.
Além disso, o cardeal Parolin conhece os nomes de vários padres da Cúria que são sexualmente ativos, violando as leis de Deus que eles solenemente se comprometeram a ensinar e praticar, e no entanto ele continua a fazer vistas grossas.
Se as responsabilidades do Cardeal Parolin são graves, mais ainda são as do papa Francisco por ter escolhido para uma posição extremamente importante na Igreja um homem acusado de crimes tão graves, sem antes insistir numa investigação aberta e minuciosa. Há mais um aspecto escandaloso nessa história horrível. Peña Parra está intimamente conectado a Honduras e, mais precisamente, ao cardeal Maradiaga e ao bispo Juan José Pineda. Entre 2003 e 2007, Peña Parra serviu na nunciatura em Tegucigalpa, e enquanto estava ali era muito próximo de Juan José Pineda, que em 2005 foi ordenado bispo auxiliar de Tegucigalpa, tornando-se o braço direito do cardeal Maradiaga. Juan José Pineda renunciou ao cargo de bispo auxiliar em julho de 2018, sem qualquer razão dada aos fiéis de Tegucicalpa. O Papa Francisco não divulgou os resultados do relatório que o Visitador Apostólico, o bispo argentino Alcides Casaretto, entregou diretamente e somente a ele há mais de um ano. Como poderíamos interpretar a firme decisão do Papa Francisco de não falar ou responder a qualquer pergunta sobre esse assunto, exceto como um acobertamento dos fatos e proteção de uma rede homossexual? Tais decisões revelam uma verdade terrível: em vez de permitir investigações abertas e sérias daqueles acusados ​​de graves ofensas contra a Igreja, o papa está permitindo que a própria Igreja sofra.
Voltando à sua pergunta. Você me pergunta se vejo sinais de que o Vaticano sob o Papa Francisco está tomando as medidas adequadas para enfrentar as graves questões de abuso. Minha resposta é simples: o próprio papa Francisco é que está acobertando os abusos agora, como fez com McCarrick. Eu digo isso com grande tristeza. Quando o rei David denunciou o homem rico ganancioso descrito na parábola de Natan, como sendo digno da morte, o profeta disse-lhe sem rodeios: “Tu és esse homem” (2 Sm 12: 1-7). Eu esperava que meu testemunho fosse recebido como o de Natan, mas ao invés disso foi recebido como o de Micaías (1Rs 22: 15-27). Eu oro para que isso mude.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Bolsonaro vai a comemoração da canonização de Irmã Dulce

Na abertura da live semanal desta Quinta-feira, o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro anunciou que irá participar da comemoração da canonização da Beata Dulce dos Pobres no estádio da Fonte Nova em Salvador no dia 20 de Outubro; o presidente recebeu visita de católicos que levaram presentes e o convidaram para o evento. 




sexta-feira, 12 de abril de 2019

A Igreja não pode promover a migração em massa. Por Cardeal Sarah

Cardeal Sarah diz que a migração é uma nova forma de escravidão


O Cardeal guineense Robert Sarah deu uma entrevista à Valeurs Actuelles, na qual se mostrou crítico em relação ao uso da Palavra de Deus para justificar a migração descontrolada e preocupado com o futuro da sociedade ocidental:

«É uma falsa exegese aquela que usa a Palavra de Deus para valorizar a migração. Deus nunca quis estas separações. (...)

Todos os migrantes que chegam à Europa chegam amontoados, sem trabalho, sem dignidade ... É isso que a Igreja quer? A Igreja não pode cooperar com a nova forma de escravidão em que se tornou a migração em massa. 

Se o Ocidente continua por esta estrada fatal existe um grande risco - devido às baixa taxa de natalidade - de que o Ocidente desapareça, invadido por estrangeiros, como Roma foi invadida pelos bárbaros. Eu falo enquanto africano. O meu país é maioritariamente muçulmano.  Eu acho que sei do que estou a falar.»


Via: Senza Pagare

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Bento XVI rompe o silêncio sobre a pedofilia


"Quase 50 anos depois, a repensar esse processo e ver (...): 'A Igreja está morrendo nas almas (das pessoas)."

"De fato, hoje a Igreja é amplamente vista apenas como um tipo de aparato político. Fala-se dela quase que exclusivamente em categorias políticas e isso se aplica até mesmo a bispos que formulam a sua concepção da Igreja do amanhã quase exclusivamente em termos políticos. A crise, causada por muitos casos de abuso de clérigos, nos faz olhar para a Igreja como algo quase inaceitável que nós temos que tomar em nossas mãos e redesenhar. Mas uma Igreja que se autoconstrói não pode constituir esperança alguma"


Pegando todo o mundo eclesial de surpresa, o Papa Emérito Bento XVI teve um artigo publicado pelo jornal alemão Klerusblatt e no New York Post. O conteúdo do texto de Bento XVI segue a mesma linha das críticas que o Bispo Athanasius schneider fez ao encontro sobre abusos sexuais que aconteceu recentemente no Vaticano sob a presidência do Papa Francisco (Nele Mons. Schneider crítica que as conclusões do Vaticano são frágeis e não tocam a real natureza do problema que é o abandono do ensino moral da Igreja). 
  
Bento XVI fez uma análise histórica de todos os problemas oriundos da revolução sexual iniciada nos anos 60; apresenta o problema de uma teologia moral errada, exortando a voltar ao ensinamento de João Paulo II na Veritatis Splendor; ataca a existência de grupos homossexuais nos seminários, a concepção errada de "conciliaridade" e o abandono da Tradição; e encerra com um longo ataque ao laicismo moderno que tirou Deus da sociedade, advertindo que a Igreja precisa voltar a sua natureza sem transforma-se numa instituição politizada. 

A seguir leia na íntegra o texto (Tradução ACI Digital): 

A Igreja e o Escândalo do abuso sexual
De 21 a 24 de fevereiro, a convite do Papa Francisco, os presidentes das conferências episcopais de todo o mundo se reuniram no Vaticano para discutir a crise da Fé e da Igreja, uma crise palpável em todo o mundo após as estarrecedoras revelações dos abusos perpetrado por clérigos contra menores. A extensão e a gravidade dos incidentes relatados têm afligido profundamente tanto sacerdotes quanto leigos, e levou a não poucas pessoas a questionarem a própria fé da Igreja. Era necessário enviar uma mensagem forte e procurar um novo começo, com tal de tornar a Igreja novamente verdadeiramente credível como uma luz entre os povos e como uma força ativa contra os poderes da destruição.
Já que eu mesmo me encontrava servindo em uma posição de responsabilidade como pastor da Igreja no momento da eclosão pública da crise e durante seu desenvolvimento, eu tive que me perguntar – ainda que como emérito já não seja mais diretamente responsável por essa situação - o que eu podia fazer para contribuir com um novo começo em retrospecto. Assim, durante o período que vai do anúncio até a realização da reunião dos Presidentes das Conferências Episcopais, compilei algumas anotações com as quais creio poder oferecer uma ou duas observações e ajudar a Igreja nessa hora tão difícil. Tendo entrado em contato com o Secretário de Estado, Cardeal [Pietro] Parolin e o Santo Padre [Papa Francisco], pareceu-me apropriado publicar o texto resultante deste esforço no "Klerusblatt" (NdT: um jornal mensal para o clero de algumas dioceses da Baviera).
Meu trabalho está dividido em três partes. Na primeira, pretendo apresentar brevemente o contexto societário mais amplo da questão, sem o qual o problema não pode ser entendido. Eu tento mostrar que na década de 60 ocorreu um evento excepcional, em uma escala sem precedentes na história. Pode-se dizer que, nos 20 anos decorridos entre 1960 e 1980, os padrões vinculantes relativos à sexualidade até então entraram em colapso por completo, gerando uma ausência de normativa que já foi objeto de tentativas laboriosas de compreensão.
Na segunda parte, pretendo destacar os efeitos dessa situação na formação dos sacerdotes e na vida dos sacerdotes.
Finalmente, na terceira parte, gostaria de desenvolver algumas perspectivas para uma resposta adequada por parte da Igreja.
I.
(1) O assunto começa com a introdução, prescrita e apoiada pelo Estado, de crianças e jovens no tema da natureza da sexualidade. Na Alemanha, a então ministra da Saúde, [Käte] Strobel, mandou fazer um filme mostrando tudo o que antes não podia ser exibido publicamente, incluindo relações sexuais, e que passou a ser exibido com o propósito de educar os jovens. O que inicialmente se destinava apenas à educação sexual destes, por conseguinte, foi amplamente aceito como uma opção viável para o resto da sociedade.
Efeitos semelhantes foram alcançados pelo "Sexkoffer" publicado pelo governo austríaco [NdT: Uma espécie de ´kit´ repleto de material destinado à educação sexual usado nas escolas austríacas no final da década de 1980]. Filmes sexuais e pornográficos tornaram-se uma ocorrência comum, a ponto de serem exibidos nos cinemas [Bahnhofskinos]. Ainda me lembro de ter visto, andando pela cidade de Regensburg um dia, verdadeiras multidões de pessoas se alinhando em frente a uma grande sala de cinema, algo que anteriormente só havíamos visto nos tempos da guerra, quando alguma alocação especial era esperada. Lembro-me também de ter chegado à cidade na Sexta-feira Santa, no ano de 1970, e de ver todos os outdoors preenchidos por um grande cartaz de duas pessoas completamente nuas num abraço apertado.
Entre as liberdades pelas quais a Revolução de 1968 lutou estava a total liberdade sexual, uma que não mais possuía normas. A vontade de usar a violência, que caracterizou esses anos, está fortemente relacionada a esse colapso mental. Na verdade, os filmes sexuais não eram mais permitidos nos aviões porque poderiam gerar violência na pequena comunidade de passageiros. E dado que os excessos no vestuário também provocavam agressão, os diretores das escolas fizeram várias tentativas de introduzir uma vestimenta escolar que facilitasse um clima de aprendizado.
Parte da fisionomia da Revolução de 1968 foi que a pedofilia também foi diagnosticada como um comportamento aceitável e apropriado.
Para os jovens da Igreja, mas não apenas para eles, este foi um momento muito difícil em muitos aspectos. Sempre me perguntei como os jovens nessa situação poderiam se aproximar do sacerdócio e aceitá-lo com todas as suas ramificações. O extenso colapso das gerações seguintes de sacerdotes naqueles anos e o grande número de secularizações foram uma consequência de todos esses desenvolvimentos.
(2) Ao mesmo tempo, independentemente destes desenvolvimentos, a teologia moral católica sofreu um colapso que deixou a Igreja desamparada diante dessas mudanças na sociedade. Vou tentar delinear brevemente a trajetória que esse desenvolvimento percorreu.
Até o Concílio Vaticano II, a teologia moral católica era em grande parte baseada na lei natural, enquanto as Sagradas Escrituras eram citadas apenas para obter contexto ou justificação. Na luta do Concílio por uma nova compreensão do Apocalipse, a opção pela lei natural foi amplamente abandonada, e uma teologia moral baseada inteiramente na Bíblia foi exigida.
Ainda me lembro como a faculdade jesuíta em Frankfurt treinou o jovem e inteligente Padre (Schüller) com o propósito de desenvolver uma moralidade baseada inteiramente nas Escrituras. A bela dissertação do Padre (Bruno) Schüller mostra um primeiro passo para a construção de uma moralidade baseada nas Escrituras. O sacerdote foi então enviado para os Estados Unidos e voltou, percebendo que somente com a Bíblia a moralidade não poderia ser expressa sistematicamente. Então ele tentou uma teologia moral mais pragmática, sem poder dar uma resposta à crise da moralidade.
Consequentemente, nada poderia ser considerado um bem absoluto, assim como, por outro lado, coisa alguma poderia ser considerada fundamentalmente ruim; (Poderia haver) apenas juízos de valor relativos. Não havia mais o bom em seu sentido mais absoluto, apenas o aquilo que era relativamente melhor ou contingente para o momento e as circunstâncias específicas.
A crise da justificação e da forma de expor a moral católica alcançou proporções dramáticas no final dos anos 80 e 90. Em 5 de janeiro de 1989, foi publicada a "Declaração de Colônia", assinada por 15 catedráticos católicos de teologia. O documento se concentrou em vários pontos da crise da relação entre o magistério dos bispos e a tarefa da teologia. (As reações a) este texto, que em princípio não passaram do usual nível de protestos, cresceu rapidamente e se tornou um grito contra o magistério da Igreja e reuniu, clara e visivelmente, o potencial de um protesto global contra os esperados textos doutrinais de João Paulo II. (cf. (cf. D. Mieth, Kölner Erklärung, LThK, VI3, p. 196) (N.dT: O LTHK é o Lexikon für Theologie und Kirche, o Lexicon de Teologia e a Igreja, cujos editores incluíam o teólogo Karl Rahner y o hoje Cardeal alemão Walter Kasper).
O Papa João Paulo II, que conhecia muito bem e acompanhava de perto a situação em que a teologia moral se encontrava, encomendou o trabalho de uma encíclica para tornar as coisas claras novamente. E foi publicada sob o título de Veritatis Splendor no dia 6 de agosto de 1993 e logo gerou reações veementes de vários teólogos morais. Antes disso, o Catecismo da Igreja Católica (publicado em 1992) já havia apresentado, de maneira persuasiva e sistemática, a moralidade proclamada pela Igreja.
Nunca vou esquecer a forma como o então líder teólogo moral alemão, Franz Böckle, tendo retornado para sua Suíça natalapós a aposentadoria, anunciou em relação à Veritatis Splendor que se a encíclica determinasse que existem ações que sempre e em todas as circunstâncias deveriam ser classificados como más, ele iria rebatê-la com todos os recursos à sua disposição.
Foi Deus, o Misericordioso, que evitou que este propósito fosse executado, pois Böckle morreu em 8 de julho de 1991. A encíclica foi publicada em 06 de agosto de 1993 e efetivamente incluía a determinação de que certas ações jamais podem ser consideradas boas.
O Papa estava plenamente consciente da importância dessa decisão e, nessa parte do texto, consultou novamente os melhores especialistas que não participaram da edição da encíclica. Ele sabia que não deveria deixar dúvidas sobre o fato de que a moralidade que busca o equilíbrio de bens deve ter sempre um limite final. Alguns bens simplesmente não estão sujeitos a concessões.
Há valores que jamais devem ser abandonados por um valor mais alto e até mesmo superar a preservação da vida física. Há martírio. Deus é mais. Ele vale mais que a própria sobrevivência física. Uma vida comprada pela negação de Deus, uma vida baseada em uma mentira, ao final, não é vida.
O martírio é a categoria básica da existência cristã. O fato de que o mesmo já não seja moralmente necessário, como afirma a teoria defendida por Böckle e muitos outros, demonstra que a própria essência do cristianismo está em jogo aqui.
Na teologia moral, no entanto, outra questão tornou-se urgente: a hipótese de que o Magistério da Igreja deveria ter competência final ("infalibilidade") apenas nas questões relativas à fé e já não nas que se referem à moralidade, havia ganhado ampla aceitação. Dizia-se que estas questões não deveriam cair no âmbito de decisões infalíveis do magistério da Igreja. Provavelmente há algo de verdade nesta hipótese e que merece mais discussão, mas há um conjunto mínimo de questões morais que estão intimamente relacionadas com o princípio fundamental da fé, o qual deve ser defendido, para que a fé não venha a ser reduzida a uma teoria e que já não seja reconhecida em seu clamor pela vida concreta.
Tudo isso nos permite ver o quão fundamentalmente a autoridade da Igreja é questionada quando se trata de questões de moralidade. Aqueles que negam à Igreja uma competência no ensinamento definitivo nesta área, forçam-na a permanecer em silêncio exatamente ali, onde se encontra em jogo a fronteira entre a verdade e a mentira.
Independentemente deste assunto, em muitos círculos da teologia moral foi apresentada a tese de que a Igreja não tem e não pode ter sua própria moralidade. O argumento era que todas as hipóteses morais teriam seu paralelo em outras religiões e, portanto, não haveria uma natureza cristã. Mas a questão da natureza da moralidade bíblica não é respondida pelo fato de que para cada frase singular em algum lugar da Escritura, podemos encontrar um paralelo em outras religiões. Na verdade, trata-se do conjunto da moralidade bíblica, que, como tal, é novo e distinto de suas partes individuais.
A doutrina moral das Sagradas Escrituras tem a sua forma única de ser predicada em última instância na sua concreção à imagem de Deus, na fé em um Deus que se manifestou a Si mesmo em Jesus Cristo e viveu como ser humano. O Decálogo é uma aplicação para a vida humana da fé bíblica em Deus. A imagem de Deus e da moralidade se pertence uma a outra e é por isso que resulta na mudança particular da atitude cristã em relação ao mundo e à vida humana. Além disso, o cristianismo tem sido descrito desde o início com o termo Hodoš (caminho, em grego, usado no Novo Testamento para discutir um caminho de progresso).
A fé é uma travessia e uma forma de vida. Na Igreja antiga, o catecumenato foi criado como um habitat no qual os aspectos distintos e frescos daquele modo de viver a vida cristã eram ao mesmo tempo praticados e protegidos, contra uma cultura cada vez mais desmoralizada. Acredito que mesmo hoje, algo como estas comunidades de catecumenato sejam necessárias para que a vida cristã possa se afirmar da maneira que lhe é própria.
II.
As reações eclesiais iniciais
(1) O processo há muito preparado e em andamento para a dissolução do conceito cristão de moralidade foi marcado, como tentei demonstrar, pelo radicalismo sem precedentes dos anos 1960. Essa dissolução da autoridade moral do ensino da Igreja devia ter um efeito sobre os diferentes membros da Igreja. No contexto da reunião dos presidentes das conferências episcopais em todo o mundo com o Papa Francisco, a questão da vida sacerdotal, assim como a dos seminários, é de particular interesse. Uma vez que está relacionado ao problema o tema da preparação para o ministério sacerdotal nos seminários, e, existe de fato uma ampla decomposição no que diz respeito à anterior forma de preparação dos candidatos.
Em vários seminários foram estabelecidos grupos homossexuais que agiram mais ou menos abertamente, o que mudou significativamente o clima que se vivia ali. Em um seminário no sul da Alemanha, os candidatos ao sacerdócio e ao ministério leigo de agentes de pastoral (Pastoralreferent) viviam juntos. Nas refeições diárias, os seminaristas e os especialistas em pastoral estavam juntos. Os casados ​​às vezes estavam com suas esposas e filhos; e às vezes com suas namoradas. O clima neste seminário não oferecia o apoio necessário para a preparação adequada para a vocação sacerdotal. A Santa Sé sabia desses problemas sem ser informada com precisão. Como primeiro passo, foi acordada uma visita apostólica para os seminários nos Estados Unidos.
Como os critérios para a seleção e nomeação dos bispos também mudaram depois do Concílio Vaticano II, a relação dos bispos com seus seminários também tornou-se muito diferente. Acima de tudo, a "conciliaridade" foi estabelecida como um critério para a nomeação de novos bispos, o que poderia ser entendido de várias maneiras.
De fato, em muitos lugares entendeu-se que as atitudes conciliares se relacionavam a uma postura crítica ou negativa à tradição que existia até então, e que precisava ser substituída por uma relação nova e radicalmente aberta com o mundo. Um bispo, que já havia sido reitor de um seminário, fez os seminaristas assistirem a filmes pornográficos com a intenção de torná-los resistentes a condutas contrárias à fé.
Havia - e não apenas nos Estados Unidos da América - bispos que individualmente rejeitavam totalmente a tradição católica e buscavam uma nova e moderna "catolicidade" em suas dioceses. Pode valer a pena mencionar que em muitos seminários, os estudantes que os viram lendo meus livros eram considerados inadequados para o sacerdócio. Meus livros estavam escondidos, como se fossem literatura ruim, e eram lidos apenas debaixo da escrivaninha.
A visita apostólica afinal não trouxe novas pistas, aparentemente porque vários poderes juntaram forças para maquiar a verdadeira situação. Uma segunda visita foi ordenada e permitiu novos dados, mas no final tampouco obteve resultado algum. No entanto, desde a década de 1970, a situação nos seminários geralmente melhorou. E, no entanto, apenas casos isolados de um novo fortalecimento das vocações sacerdotais surgiram, posto que a situação em geral havia tomado outro rumo.
(2) A questão da pedofilia, se não me falha a memória, não era crítica até a segunda metade da década de 1980. Entretanto, ele se tornou um assunto público nos Estados Unidos, tanto assim que os bispos foram a Roma para procurar ajuda e que o direito canônico, conforme escrito no novo Código (1983), não parecia suficiente para tomar as medidas necessárias. Na primeira visita, Roma e os canonistas romanos tinham dificuldades com estas preocupações porque, em sua opinião, a suspensão temporária do ministério sacerdotal deveria ser suficiente para gerar purificação e esclarecimento. Isto não podia ser aceito pelos bispos americanos, porque assim os sacerdotes permaneciam a serviço do bispo e, portanto, seguiam diretamente associados a ele. Lentamente, foi tomando forma uma renovação e um aprofundamento na lei criminal do novo Código, construída deliberadamente e com ligeireza.
Além disso e no entanto, havia um problema fundamental na percepção do direito penal. Apenas o chamado “garantismo” (uma espécie de protecionismo processual ao réu) era considerado uma postura "conciliar". Isso significa que os direitos do acusado devem ser garantidos, acima de tudo, até o ponto em que qualquer tipo de condenação fosse impossibilitada. Como um contrapeso para as opções de defesa disponíveis para os teólogos acusados ​​e muitas vezes inadequadas, o direito de defesa dos mesmos usando o “garantismo” estendeu-se a tal ponto que era quase impossível uma condenação.
Permitam-me um breve excurso neste momento. À luz da escalada da conduta pedófila, uma palavra de Jesus novamente nos interpela: " Se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, seria melhor que fosse lançado no mar com uma grande pedra amarrada no pescoço" (Mc 9,42).
A palavra pequenino, na língua de Jesus, significava aqueles crentes comuns que podem ver sua fé confundida pela arrogância intelectual daqueles que acreditam ser inteligentes. Então, aqui Jesus protege o depósito da fé com uma ameaça ou punição enfática para aqueles que prejudicam estas pessoas.
O uso moderno da frase não está em si mesmo errado, mas não deve obscurecer o significado original. Fica claro, contra qualquer garantismo, que não apenas o direito do acusado é importante e requer uma garantia. Grandes bens como a fé são igualmente importantes.
Assim, uma lei canônica equilibrada, que corresponda à totalidade da mensagem de Jesus, não apenas deve fornecer uma garantia para o acusado, para quem o respeito é um bem lícito, mas também deve proteger a fé que também é um importante e lícito bem. Uma lei canônica adequadamente formada deve então conter uma dupla garantia: a proteção legal do acusado e a proteção legal da propriedade que está em jogo. Se hoje esta concepção intrinsecamente clara é apresentada, ela geralmente cai em ouvidos surdos quando se trata da questão da proteção da fé como um bem legal. Na consciência geral da lei, a fé não parece mais ter o grau de um bem que requer proteção. Esta é uma situação alarmante que os pastores da Igreja devem considerar e levar a sério.   
Agora eu gostaria de acrescentar, às breves notas sobre a situação da formação sacerdotal na época da crise, algumas observações sobre o desenvolvimento do direito canônico nesta matéria.
Em princípio, a Congregação para o Clero é responsável por lidar com crimes cometidos por padres, mas dado que o “garantismo” dominava amplamente a situação daquela época, eu concordei com o Papa João Paulo II que era apropriado designar essas ofensas à Congregação para a Doutrina da Fé, sob o título de "Delicta maiora contra fidem" (NdT: Delitos graves contra a fé).
Isso possibilitou a imposição da pena máxima, ou seja, a expulsão do estado clerical, que não poderia ter sido imposta sob outras disposições legais. Este não foi um truque para impor a pena máxima, mas uma consequência da importância da do bem que é a fé para a Igreja. De fato, é importante notar que uma tamanha má conduta deste tipo por parte de um clérigo, acaba, em última instância, prejudicando a fé.
Onde a fé não determina mais as ações do homem tais ofensas se tornam possíveis.
A severidade da pena, no entanto, também pressupõe uma prova clara da ofensa: este aspecto da garantia continua em vigor.
Em outras palavras, para impor a pena máxima legalmente, é necessário um processo criminal genuíno, mas ambas as dioceses e a Santa Sé estão sobrecarregadas por esta exigência. Portanto, formulamos um nível mínimo de procedimentos criminais e deixamos aberta a possibilidade de que a própria Santa Sé assuma o julgamento quando a diocese ou a administração metropolitana não possam fazê-lo. Em cada caso, o julgamento deve ser revisado pela Congregação para a Doutrina da Fé para garantir os direitos do acusado. Finalmente, na quarta feria (N.dT. a assembleia ou reunião geral dos membros desta Congregação da Cúria em que são discutidos os diversos casos em andamento), estabelecemos uma instância de recurso para oferecer a possibilidade de o acusado apelar.
Já que tudo isso ultrapassou as capacidades concretas da Congregação para a Doutrina da Fé e não havia outra alternativa mais que enfrentar os longos atrasos, devido à natureza peculiar do assunto, o Papa Francisco decidiu então realizar mais reformas.
III.
(1) O que deve ser feito? Talvez devêssemos criar outra Igreja para que as coisas funcionem? Bem, essa experiência já foi feita e já falhou. Somente a obediência e o amor a nosso Senhor Jesus Cristo pode nos mostrar o caminho, então primeiramente devemos tentar entender de novo e de dentro (de nós mesmos) o que o Senhor quer e quis de nós.
Em primeiro lugar, gostaria de sugerir o seguinte: se realmente queremos resumir muito brevemente o conteúdo da fé, tal como está na Bíblia, teríamos que fazê-lo dizendo que o Senhor começou uma narrativa de amor com as pessoas e quer abraçar toda a criação nesta narrativa. A maneira de lutar contra o mal que nos ameaça e ameaça o mundo todo, só pode residir no nosso ingresso neste amor em última instância. Esta é a verdadeira força contra o mal, já que o poder do mal surge da nossa recusa em amar a Deus. Quem se entrega ao amor de Deus é redimido. Nossa realidade de não-redimidos é consequência de nossa incapacidade de amar a Deus. Aprender a amar a Deus é, portanto, o caminho da redenção humana.
Vamos tentar desenvolver um pouco mais este conteúdo essencial da revelação de Deus. Podemos assim dizer que o primeiro dom fundamental que a fé nos oferece é a certeza de que Deus existe. Um mundo sem Deus só pode ser um mundo sem significado. Caso contrário, de onde tudo viria? Em todo caso, não haveria um propósito espiritual. De alguma forma, simplesmente está lá e não tem propósito ou significado algum. Então não há padrões de bem ou mal, e somente o que é mais forte do que qualquer outra coisa que se possa afirmar e então o poder se torna o único princípio. A verdade não conta, simplesmente não existe. Somente se as coisas tiverem uma razão espiritual, elas têm uma intenção e são concebidas. Somente se existe um Deus Criador que é bom e que quer o bem, a vida do homem pode então fazer sentido.
Existir um Deus que seja o criador e a medida de todas as coisas é primeiro e acima de tudo uma necessidade, mas um Deus que não se expressa em nada aquilo que é, que não se dá a conhecer, permaneceria como uma presunção e, em consequência, não poderia determinar a forma [ Gestalt] do nosso viver. Para que Deus seja realmente Deus nesta criação deliberada, temos que olhar para Ele para que ele se expresse de alguma forma. Ele fez de muitas maneiras, mas decisivamente na vocação de Abraão e deu às pessoas que procuravam a Deus a orientação que nos leva além de toda expectativa: o próprio Deus se torna criatura, falando como um homem conosco, seres humanos.
Nesse sentido, a frase "Deus é", torna-se ao final uma mensagem verdadeiramente alegre, precisamente porque Ele é mais do que intelecto porque cria - e é - o amor para que mais uma vez as pessoas tenham consciência de que esta é a primeira e mais fundamental tarefa confiada a nós pelo Senhor.
Uma sociedade sem Deus - uma sociedade que não o conhece e o trata como inexistente - é uma sociedade que perde sua medida. Em nossos dias, a frase da morte de Deus foi acunhada. Quando Deus morre em uma sociedade, nos é dito, torna-se livre. Na realidade, a morte de Deus em uma sociedade também significa o fim da liberdade porque o que morre é o propósito que provê orientação, já que desaparece a bússola que nos indica a direção certa e que nos ensina a distinguir o bem do mal. A sociedade ocidental é uma sociedade na qual Deus está ausente na esfera pública e não tem nada para oferecer a ela. E essa é a razão pela qual a sociedade perde cada vez mais sua noção de humanidade. Em pontos individuais, de repente parece que o que é ruim e destrói o homem se tornou uma questão de rotina.
Esse é o caso da pedofilia. Admitiu-se há pouco tempo como algo legítimo, mas se espalhou mais e mais. E agora percebemos com surpresa que as coisas que estão acontecendo com nossas crianças e jovens ameaçam destruí-las. O fato de que isso também pode ser estendido na Igreja e entre os sacerdotes é algo que deve nos interpelar de maneira particular.
Por que a pedofilia atingiu tais proporções? No final, a razão é a ausência de Deus. Nós cristãos e sacerdotes também preferimos não falar de Deus porque esse discurso não parece ser prático. Após a convulsão da Segunda Guerra Mundial, nós na Alemanha ainda tínhamos expressamente em nossa Constituição que estávamos sob a responsabilidade de Deus como um princípio orientador. Meio século depois, já não era possível incluir a responsabilidade para com Deus como um princípio orientador na Constituição Europeia. Deus é visto como a preocupação partidária de um pequeno grupo e não pode mais ser um princípio orientador para a comunidade como um todo. Esta decisão é refletida na situação no Ocidente, onde Deus se tornou um assunto particular, destinado a uma pequena minoria.
Uma tarefa primordial, que deve resultar das convulsões morais de nosso tempo, é que novamente comecemos a viver para Deus e sob Ele. Acima de tudo, temos que aprender mais uma vez a reconhecer Deus como a base de nossa vida. Em vez de deixá-lo de lado como se fosse uma frase ineficaz. Jamais esquecerei o aviso do grande teólogo Hans Urs von Balthasar que uma vez me escreveu em um de seus cartões postais. "Não pressuponha o Deus trino: Pai, Filho e Espírito Santo, apresente-o!"
De fato, na teologia, Deus é sempre tomado como uma questão de rotina, mas na vida concreta não a pessoa não se relaciona com Ele. O tema de Deus parece tão irreal, tão alheio às coisas que nos preocupam e entretanto, tudo se torna diferente quando nós não pressupomos mas apresentamos Deus aos demais. Não deixando para trás como uma moldura, mas reconhecendo-o como o centro de nossos pensamentos, palavras e ações.
(2) Deus se tornou homem para nós. O homem como sua criatura está tão perto de seu coração que se uniu a si mesmo e, assim, entrou na história humana de maneira muito prática. Ele fala conosco, vive conosco, sofre conosco e assumiu a morte por nós. Falamos sobre isso em detalhes em teologia, com palavras e pensamentos aprendidos, mas é precisamente assim que corremos o risco de nos tornarmos professores da fé, em vez de sermos renovados e transformados em mestres pela fé.
Considere isso com relação à questão central, a celebração da Santa Eucaristia. Nossa forma de lidar com a Eucaristia só pode gerar preocupação. O Concílio Vaticano II concentrou-se justamente em devolver este sacramento da presença do corpo e do sangue de Cristo, da presença da sua pessoa, da sua paixão, morte e ressurreição, ao centro da vida cristã e à própria existência da Igreja. Em parte, isso realmente aconteceu e devemos ser gratos ao Senhor por isso.
E ainda assim uma atitude muito diferente prevalece. O que predomina não é uma nova reverência pela presença da morte e ressurreição de Cristo, mas uma maneira de lidar com Ele que destrói a grandeza do Mistério. A queda na participação das celebrações eucarísticas dominicais mostra quão pouco os cristãos de hoje sabem apreciar a grandeza do dom que consiste em sua verdadeira Presença. A Eucaristia tornou-se um mero gesto cerimonial quando se toma por parâmetro que as boas maneiras exigem que que esta seja oferecida em celebrações familiares ou às vezes em casamentos e funerais a todos os convidados, simplesmente por motivos familiares.
A maneira pela qual as pessoas simplesmente recebem o Santíssimo Sacramento na comunhão como algo rotineiro mostra que muitos o veem como um gesto puramente cerimonial. Portanto, quando você pensa sobre a ação que é necessária em primeiro lugar, é bastante óbvio que não precisamos de outra Igreja com um design próprio. Em vez disso, precisa-se, em primeiro lugar, alcançar a renovação da fé na realidade de que Jesus Cristo realmente nos é dado no Santíssimo Sacramento.
Em conversas com vítimas de pedofilia, fiquei muito consciente desse primeiro e fundamental requisito.
Uma jovem que tinha sido acólita me disse que o capelão, seu superior no culto do altar, sempre a introduzia ao abuso sexual com estas palavras: "Este é o meu corpo que será entregue por ti".
É óbvio que esta mulher não pode mais ouvir as palavras da consagração sem experimentar novamente a terrível angústia do abuso. Sim, temos que implorar ao Senhor urgentemente pelo seu perdão, mas antes de tudo temos que jurar por Ele e pedir a Ele que nos ensine novamente a entender a grandeza de Seu sofrimento e Seu sacrifício. E nós temos que fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para proteger o dom da Santa Eucaristia do abuso.
(3) E finalmente, está o Mistério da Igreja. A frase com que Romano Guardini, há quase 100 anos, expressou a esperança alegre dele, e de tantos outros, permanece inesquecível: "Um evento de importância incalculável começou, a Igreja está despertando nas almas (do povo) "
Ele quis dizer que a igreja não foi experimentada ou vista simplesmente como um sistema externo que entrou em nossas vidas, como uma espécie de autoridade, mas tinha começado a ser percebido como presente nos corações das pessoas, não como algo meramente externo, mas que nos moveu internamente. Quase 50 anos depois, a repensar esse processo e ver o que vem acontecendo, estou tentado a reverter a frase: "A Igreja está morrendo nas almas (das pessoas)."
De fato, hoje a Igreja é amplamente vista apenas como um tipo de aparato político. Fala-se dela quase que exclusivamente em categorias políticas e isso se aplica até mesmo a bispos que formulam a sua concepção da Igreja do amanhã quase exclusivamente em termos políticos. A crise, causada por muitos casos de abuso de clérigos, nos faz olhar para a Igreja como algo quase inaceitável que nós temos que tomar em nossas mãos e redesenhar. Mas uma Igreja que se autoconstrói não pode constituir esperança alguma.
O próprio Jesus comparou a Igreja a uma rede de pesca na qual o próprio Deus separa os bons peixes dos maus. Há também uma parábola da Igreja como um campo onde o trigo cresce que o próprio Deus semeou com a erva daninha que "um inimigo" secretamente lançou. Na verdade, a erva daninha no campo de Deus, a Igreja, é agora demasiado visível e os maus peixes na rede também mostram sua força. No entanto, o campo ainda é o campo de Deus e a rede é a rede de Deus. E em todos os tempos não houve apenas má erva daninha ou peixes ruins, mas também as colheitas de Deus e a boa pesca. Proclamar ambos com ênfase e da mesma forma não só é uma falsa apologética, mas um serviço necessário à Verdade.
Neste contexto, é necessário se referir a um texto importante no Apocalipse de João. O diabo é identificado como o acusador que acusa nossos irmãos diante de Deus dia e noite. (Apocalipse 12:10). O Apocalipse, em seguida, leva um pensamento que está no centro da narrativa no livro de Jó (Jó 1 e 2, 10; 42: 7-16). Ali se diz que o diabo procurou mostrar que a retidão de vida de Jó perante Deus era meramente externa. E é exatamente isso que o Apocalipse tem a dizer: o diabo quer provar que não há pessoas corretas, que sua correção só se mostra externamente. Se alguém pudesse se aproximar, a aparência da justiça cairia rapidamente.
A narrativa começa com uma disputa entre Deus e o diabo, na qual Deus se referiu a Jó como um homem verdadeiramente justo. Agora ele será usado como um exemplo para provar quem está certo. O diabo pede que todas as suas posses sejam removidas para ver que nada resta de sua piedade. Deus permite que ele faça isso, depois do qual Jó age positivamente. Então o demônio pressiona e diz: "Pele por pele! Sim, tudo que o homem tem dará por sua vida. Agora, porém, estende a tua mão e toca o seu osso e a sua carne, e verás se não te amaldiçoa na tua face "(Jó 2,4f).
Então Deus dá ao demônio um segundo round. Ele também toca a pele de Jó e só lhe é negado matá-lo. Para os cristãos, é claro que este trabalho, que se coloca diante de Deus como um exemplo para toda a humanidade, é Jesus Cristo. No Apocalipse, o drama da humanidade nos é apresentado em toda a sua amplitude.
O Deus Criador é confrontado com o diabo que fala a toda a humanidade e a toda a criação. Ele fala não só a Deus, mas acima de tudo ao povo: Veja o que este Deus fez. Supostamente uma boa criação. Na realidade, Ele é cheio de miséria e desprazer. O desânimo da criação é, na realidade, o desprezo de Deus. Ele quer provar que o próprio Deus não é bom e afastar-nos dEle.
A oportunidade da que o Apocalipse nos está falando aqui é óbvia. Hoje, a acusação contra Deus é, acima de tudo, desprezo de Sua Igreja como algo maligno em sua totalidade e, portanto, nos desencoraja dela. A idéia de uma Igreja melhor, feita por nós mesmos, é na verdade uma proposta do diabo, com a qual ele quer nos afastar do Deus vivo usando uma lógica enganosa em que podemos facilmente cair. Não, ainda hoje a Igreja não é feita apenas de peixes ruins e ervas daninhas. A Igreja de Deus também existe hoje e hoje é o mesmo instrumento pelo qual Deus nos salva.
É muito importante opor com toda a verdade as mentiras e meias-verdades do diabo: sim, há pecado e mal na Igreja, mas ainda hoje há a Santa Igreja, que é indestrutível. Também hoje há muitas pessoas que humildemente acreditam, sofrem e amam, em quem o verdadeiro Deus, o Deus amoroso, se mostra a nós. Deus também tem Suas testemunhas ("mártires") no mundo hoje. Nós apenas precisamos estar atentos para conseguir vê-los e ouvi-los.
A palavra mártir é tirada da lei processual. No julgamento contra o diabo, Jesus Cristo é o primeiro e verdadeiro testemunho de Deus, o primeiro mártir, que desde então tem sido seguido por inúmeros outros.
Hoje, a Igreja é mais do que nunca uma Igreja dos mártires e, portanto, um testemunho do Deus vivo. Se olharmos em volta e escutarmos com um coração atento, hoje poderemos encontrar testemunhas por toda parte, especialmente entre as pessoas comuns, mas também nas altas fileiras da Igreja, que defendem a Deus com suas vidas e seus sofrimentos. É uma inércia do coração que nos leva a não querer reconhecê-los. Uma das grandes e essenciais tarefas de nossa evangelização é, na medida do possível, estabelecer habitats de fé e, acima de tudo, encontrá-los e reconhecê-los.
Eu moro em uma casa, em uma pequena comunidade de pessoas que descobrem repetidamente esses testemunhos do Deus vivo na vida cotidiana, e que alegremente me dizem isso. Ver e encontrar a Igreja viva é uma tarefa maravilhosa que nos fortalece e que, uma e outra vez, nos faz felizes na nossa fé.
Ao final de minhas reflexões, gostaria de agradecer ao Papa Francisco por tudo que ele faz para nos mostrar-nos sempre a luz de Deus que, mesmo nos dias de hoje, não desapareceu.
Obrigado Santo Padre!
Bento XVI